sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Capítulo 2


II
2 de março de 2011 (parte 2)

Georgia: Tânia, está morta. Tânia está morta.
Tânia: Não!
Naquele momento não conseguia pensar em nada, sentia-me triste, muito triste, as lágrimas escapavam-me dos olhos muito facilmente, o meu coração estava apertado, as minhas mãos tremiam, as boas recordações vinham-se á cabeça, sentia-me culpada por não lhe ter dado um beijo de despedida.
Olhei para a Georgia que ainda estava a chorar mais, debruço sobre o corpo da Dona Mary. Era estranho ver assim a Georgia, não sabia o que estava a acontecer, apenas me lembrava de a ter ouvido a gritar avó.
Palavras secas e rápidas começaram a sair da minha boca, queria ir embora, mas não sabia o que fazer.
Tânia: Temos que chamar alguém!
Georgia: A culpa foi minha!
Tânia: Que estás para aí a dizer??
Georgia: A culpa foi minha…
Cada vez me estava a assustar mais com a Georgia e isso deixava-me ainda mais nervosa e sem saber o que fazer.
Respirei fundo, fechei os olhos por dois segundos, limpei as lágrimas e ganhei força para tomar uma decisão. Não era fácil descobrir o que deveria fazer, mas não podia-mos lá ficar, estava a ficar cada vez mais perigoso.
Tânia: Temos que ir embora. Chamamos alguém pelo caminho.
Ela continuava de bruços no chão, não reagiu ao meu pedido então, puxei-a pelo um braço e arrastei-a até ao carro. Estava em estado de choque e não dizia nada.
Tânia: Podes-me dizer o que se passa?
Georgia: Chama ajuda.
Foi o que fiz, não a queria enervar, queria só saber o que estava a acontecer. Ela não conhecia a minha empregada de lado nenhum e ficou assim, como se lhe tivessem tirado alguém da família.
Tânia: Ela era tua avó? (acabei por perguntar a medo)
Não me respondeu, tirou o telemóvel da pequena carteira que a acompanhava desde o início do dia, entregou-mo, indicou-me as mensagens, vi a mensagem que ela tinha recebido do número desconhecido.
DE: sem número
MENSAGEM: “Sabes aquela tua avó, aquela tua avó especial, corre perigo, se eu fosse a ti acabava com o Danny. Ah, desculpa, já não te importas com essa avó, não é? –SSS”

Olhei para ela e engoli em seco, ela olhou para mim e as lágrimas começaram a cair pelo seu rosto.
Georgia: A minha mãe é adotada e nunca quis saber da mãe biológica, mas quando eu descobri fui procurar a minha avó biológica e descobri-a, era a Mary. (as lágrimas voltaram a escorregar pelas bochechas e caindo sobre a sua camisola bege) Comecei a visitá-la regularmente, tornamo-nos grandes amigas, mas depois sai de Londres e quando voltei não a fui visitar, porque a minha mãe disse-me porque é que ela a tinha colocado para adoção, e eu acreditei no que a minha a minha mãe disse e deixei de ir visitar a Mary. (as lágrimas voltaram a escapar-se dos olhos e as suas mãos começaram a tremer, coloquei a minha mão sobre a dela para ela sentir que eu estava ali para a apoiar) Mais tarde descobri que o que a minha mãe disse era mentira, mas senti-me tão envergonhada que não tive coragem de a voltar a visitar e pedir-lhe desculpa.
Acabou por desfazer-se em lágrimas, deixou cair a cabeça para baixo e não disse mais nada, só conseguia ouvir a sua respiração acelerada e os soluços da força para parar de chorar.
Georgia: Querias saber o assunto da minha mensagem, ora ai está.
Tânia: Oh Georgia! Não o que te dizer…
Abracei-a e deixamo-nos ficar assim durante uns tempos.
A Mary era a avó da Georgia e agora estava morta. Já não era umas pequenas ameaças para nos assustar, era algo sério.
Tânia: Vamos até minha casa.
***
Tânia: Vou-te preparar um chá.
A Georgia não dizia nada, estava paralisada, estava num silêncio completo, liguei para as raparigas para pedir ajuda, já não sabia o que fazer, tentava manter a calma para não enervar a Georgia, mas a verdade é que estava aterrorizada por dento.
Tânia: Gio, preciso que venhas para a minha casa, já!
Giovanna: “Que se passa?”
Tânia: É muito para contar por telemóvel e sinceramente, acho que não é seguro.
Giovanna: “Não é seguro?! Já estás outra vez a variar?”
Tânia: Não, antes fosse! Vem para aqui o mais rápido possível!
Giovanna: Ainda estou a trabalhar, daqui a 30 minutos estou ai.
Dirigi-me para sala onde estava a Georgia, exatamente como quando abandonei a sala para lhe fazer o chá.
Tânia: Toma este chá.
Georgia: Não quero.
Tânia: Vai-te acalmar…
Georgia: Como é que é possível alguém fazer isto? Como é que têm coragem de fazer isto?
Tânia: Não sei, mas seja quem for, nós vamos descobrir e para com isto.
Georgia: Tânia, mataram a minha avó, mas quem é esta gente e porque é que andam a fazer isto? Achas que têm a ver com o que nos aconteceu lá em Portugal?
Tânia: Não sei, mas até tenho medo em pensar nisso…
Fomos interrompidas pelo toque do telemóvel da Georgia, ela fez-me um gesto par ser eu a ver, mergulhei a minha mão na sua mala e retirei o telemóvel.
DE: sem número
MENSAGEM: “Não gostas-te pois não?! Eu também não gostei de muitas coisas! –SSS”

Tânia: É dela, ou dele…
Georgia: O quê?
Girei o telemóvel e coloquei-o à sua frente. Ele olhava para aquela pequena caixa com a maior raiva do mundo.
Georgia: Quando eu descobrir quem foi, eu mato-o! Não têm vergonha?! ANIMAIS!
Tânia: Calma Georgia, eu sei que é a coisa mais ridícula para te pedir neste momento, mas não te vai levar a lado nenhum estares assim, só vais piorar, eles querem-te por mal e estão a conseguir. (estendi os meus braços para a abraçar, ela aceitou e carinhosamente dei-lhe um abraço para a reconfortar) Nem quero imaginar o que estás a sentir, nem pelo que estás a passar, mas já não há nada a fazer, por muito que te custo, ela não vai voltar, agora o que tens de fazer é descobrir o que se anda a passar, e por esses palhaços que lhe fizeram mal na prisão, onde já deveriam ter nascido!
Não obtive resposta por parte dela, nem tal esperava. Estávamos abraçadas, fui-me afastando dela e fui vendo-lhe os olhos tristes a nadarem em lágrimas que balançavam com o piscar dos olhos.
Olhava para ela sem saber o que fazer, na verdade, por dentro a minha vontade era explodir, cair no chão e deixar-me levar por um rio de lágrimas, mas não podia dar parte de fraca ao pé da Georgia, ela precisava d alguém que lhe mostrasse o caminho para continuar no fim de tudo o que tinha acontecido.
Finalmente ouvi o barulho de alguém a bater é porta freneticamente.
Tânia: Deve ser a Gio. (dirigi-me á porta e, com um pequeno rodar de pulso abri a porta á Giovanna) Entra.
Giovanna: Que aconteceu? (dirigiu-se à sala e viu a Georgia naquele estado de lamúria) Que se passa Georgia? (não obteve resposta) Georgia?! Que se passa??
Tânia: Calma Gio, não a chateies, vamos conversar para a cozinha.
Giovanna: Que aconteceu Tânia? Em que é que vocês estão metidas?
Tânia: Nós todas, em muito!
Giovanna: Mas sem ser isso, porque é que a Georgia está assim?
Tânia: “Sem ser isso”?! É por causa “disso” que a Georgia está assim!
Giovanna: E porquê??
Tânia: Lembras-te daquela mensagem que deixou a Georgia assustada? (esperei que ela confirmasse com a cabeça e continuei) Era uma mensagem que ameaçava a avó, mas a avó especial, uma avó que aparentemente ninguém conhece, porque a mãe da Georgia é adotada e essa avó é a avó/mãe biológica…
Giovanna: Espera lá, estás a dizer que a mãe da Georgia é adotada e só agora é que ela descobriu a avó biológica?
Tânia: Sim e não. Ela já descobriu essa avó á bastante tempo, mas depois perdeu contacto com ela. Mas continuando, hoje fomos a casa da avó dela, que por acaso era a minha empregada, a Mary, e encontramo-la morta.
Giovanna: O quê?! Morta?! Como assim?!
Tânia: Aparentemente assassinada.
Giovanna: Assassinada? (o seu tom de voz ia aumentando e ia tornando as palavras naturalmente mais fortes)
Tânia: Fala baixo, a Georgia está muito mal e não a pudemos sujeitar a estes tipos de comentários, ainda a vão deixar mais em baixo.
Giovanna: Isto é sério! Se a avó da Georgia foi mesmo assassinada temos de chamar a polícia!
Tânia: E dizemos o quê?
Giovanna: A verdade!
Tânia: Qual verdade?
Giovanna: Que nos andam a ameaçar e que mataram a avó da Georgia.
Tânia: E se nos perguntarem porque é que nos andam a ameaçar?
Giovanna: Que… (ficou sem palavras, surgir-nos á memória aquela noite de férias era imaginável)
Tânia: Pois, bem me pareceu. Temos de resolver isto por nós.
Giovanna: Mas se volta a envolver mais pessoas? Ou até mesmo…assassinar!
Tânia: Não podemos deixar que isso acontece, temos de estar um passo à frente destas mensagens e descobrir quem é!
Giovanna: Oh meus Deus! Em que é que estamos metidas?!
Tânia: Já nem sei, mas quero que isto acabe e depressa! Mas temos de prometer que não podemos contar a ninguém, não podemos envolver mais ninguém.
Giovanna: O que é que vamos fazer?
Tânia: Não sei.
Giovanna: Porque é nos andam a fazer isto?
Tânia: Não sei.
Giovanna: Porquê só agora?
Não conseguia arranjar nenhuma resposta para as perguntas da Giovanna, cada vez eram mais não só da parte dela, mas também a fervelharem na minha cabeça, prestes a explodirem.
Georgia: Porque só agora é que nos voltámos a juntar.
A Georgia juntou-se a nós sem que apercebesse-mos. Estava mais calma, foi-se cada vez aproximando mais de nós com os ombros descaídos, o cabelo despenteado e com uns olhos bastantes vermelhos. Virou-se para a janela, estava um silêncio entre nós, ouvimos um profundo suspiro, ela voltou-se a virar para nós e continuou. Era como se tivesse as respostas para tudo, mesmo não tendo, ela era a que estava pior, mas era a que tinha mais coragem para continuar, talvez porque procurava lá no fundo uma pequena vingança.
Georgia: Temos de nos voltar a encontrar para voltar-mos a receber uma mensagem. Até lá sempre que recebermos alguma temos de contar.
Tânia: Juntamo-nos quando? E como?
Giovanna: Amanha dormi-mos aqui todas…
Tânia: Sim, boa ideia.
Georgia: Não se esqueçam que não somos só nós…
Tânia: Acham que elas também estão envolvidas? No final das contas, fomos nós que fizemos tudo naquela noite.
Georgia: Sim, mas elas também lá estavam.
Giovanna: Sim, mas pelo sim pelo não, eu falo com elas. (olhamos umas para as outras e lançamos um olhar no qual concordamos todas) É melhor irmos andando, anda Georgia, eu levo-te a casa.
Tânia: Até manha meninas!
Deixei que elas saíssem, agora estava sozinha e vinha-me tudo à cabeça, a morte da Mary e ao que isto estava a chegar. Fechei a porta e deixei-me deslizar pela porta, sentia-me nas minhas costas uma pequena dor ao sentir todas as formas da porta, mas já não me fazia diferença, o que sentia naquele momento encobria qualquer dor física que sentisse. Estava com cada vez mais medo, as minhas mãos tremiam, já não tinha força para segurar mais as lágrimas, começaram a correr pelas minhas bochechas, sentias a chegar aos lábios e aquele sabor salgado a entrar por entre os lábios.
Retirei o telemóvel do bolço, com a finalidade de ver as horas, mas depressa essa ideia vazou da minha cabeça e um medo tremendo e estúpido pelo telemóvel voltou. Fiquei a olhar para aquela pequena caixa escura, tinha medo de passar o dedo no ecrã e ver que tinha uma mensagem, estava a começar a ficar com medo de uma coisas tão indefesa, estava a ficar com receio do que poderia acontecer…
Tânia *

6 comentários:

  1. Uau, cada vez estou mais intrigada com a história que elas escondem, ao ponto de começarem a aparecer pessoas mortas! :o
    A sério está muito boa a tua fic, já estou ansiosa para o próximo capítulo e peço-te por tudo para não demorares muito tempoo.. estou viciada ahaha :b
    Continua, escreves muito bem.. eu até fiquei com medo de olhar para o telemóvel :o
    Beijinhos! :)

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  2. opá adoro !
    marida, estás cada vez melhor :D
    Bem que me podias contar qual era o segredo que elas escondem, afinal de contas sou a tua marida xD

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  3. Adicionei-te a minha lista de blogs favoritos, no meu meu blog :D
    Beijinhos :)

    http://mythougsnf.blogspot.pt/

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    1. Oh Magui, muito obrigada, a sério *.*

      Também tenho de fazer uma renovação à minha lista e sendo eu também uma seguidora regular do teu blog (e não estou a dizer isto para brincar, ou dar 'graxa', é verdade. sempre que posso dou lá um saltinho, ainda não o segui de seguir xD e desculpa por isso, mas a minha net dá-me muito poucas oportunidades de buscas.) tenho a certeza absoluta que o teu blog vai também aparecer na minha lista de blogs!! :D

      Obrigada mais uma vez ! *.*

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    2. Não tens nada que agradecer Tânia :D
      E fico muito contente por saber que segues o meu blog, apesar de andar ausente e não tenho actualizado, mas recentemente fui operada e estou de repouso pós-operatório e não tenho tido paciência nem imaginação para nada :$
      E não tens que pedir desculpa por não seguires de seguir ahahaha, eu compreendo, há net's mesmo inconvenientes :b
      E bom saber que também irei aparecer na tua lista de blogs :D
      Beijinhos

      Ps: Para quando, mais ou menos, um novo capítulo? *-*

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    3. As melhoras, espero que tenha corrido tudo bem e que recuperes rapidamente! (:

      Ainda não sei bem quando vem o novo capítulo, mas prometo que é para breve, ainda hoje ou amanha sem falta ! :D

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