segunda-feira, 18 de junho de 2012

Capítulo 1

I
1 de março de 2011 (parte 2)

Voltar atrás era impossível, já não valia a pena, agora era erguer a cabeça e continuar.
O avião já tinha aterrado no solo britânico, muito se tinha passado em Londres, mas era sempre bom estar em novos ares, sentir aquele clima típico de Inglaterra.
Olhei para todo o lado, para ver se via alguma cara conhecida, entre as pessoas que passavam de um lado para o outro, comecei a avistar um cabelo no ar que se sobressaia em relação aos outros, assim que as cabeças cobertas de cabelos negros começaram a afastar-se, avistei o Tom e a Giovanna, juntos de mãos dadas. Estava muito contente por eles os dois, noivaram, já se conhecem á muitos anos e, só ao fim de 7 anos de namoro é que decidiram dar o grande passo.
Aproximei-me deles para os abraçar, mas eles para brincar, ignoraram-me, fazendo que não me conheciam.
Tânia: Que saudades!
Tom: Eu conheço-te?
Giovanna: Quem é Tom?
Tânia: Olha, vão passear, que eu agora preciso de amigos e não de desconhecidos
Dito isto, colocaram um grande sorriso na cara e mergulharam entre as pessoas que passavam até me abraçarem, um abraço muito calorento, bem apertado e com um sabor a saudades.
Tom: Oh miúda, como estás? Estás tão linda!
Tânia: Obrigada Tom! Já estive melhor, mas o que foi mau vai ficar para trás.
Giovanna: É melhor, vieste para aqui para te divertir!
Tânia: O Danny? Pensava que era ele que me vinha buscar…
Tom: Sabes como é, passou a noite toda com a Georgia a passear, e hoje não se conseguiu levantar da cama.
Tânia: Pois, só podia! Então e o Dougie? Como é que ele está?
Tom: Já está melhor, vamos busca-lo dia 14 de março.
Enquanto falava-mos, a Giovanna deitava os olhos às miúdas que pasmavam a olhar para Tom que fervelhavam por dentro desejosas de um beijo nas faces, nessa altura, coradas.
Tânia: Tem calma Gio, são só fans.
Giovanna: Mas ele é meu e não delas!
Rimo-nos e começa-mos a abandonar o aeroporto de Londres, íamos almoçar em casa dos pais do Danny – a minha tia – e, como a viajem ainda era longa, deixa-mos o aeroporto sem olhar para trás.
***
Kathy: Olá minha linda!
A minha tia corria entre as pedras soltas da calçada que atravessa o jardim, num só passo, até me alcançar e me beijar a face rosada.
Tânia: Olá tia!
Kathy: Oh minha querida, estás tão linda! Dá cá dois beijinhos!
Estivemos naquele filme durante, que para mim pareceu, uns longos minutos, que eram assistimos, com risadas á mistura, pela minha prima e pelo meu tio, encostados à ombreira da porta. Entretanto foi a vez do meu tio e, só no fim das perguntas retóricas, dos beijos seguidos e das piadas sem piada, é que foi a vez da minha prima.
Vicky: Será que já a podem largar, para eu lhe dar um beijinho? (afastou-se da porta e aproximou-se de nós) Olá priminha linda!
Tânia: Olá vermelhinha! Que saudades! Estás cada vez melhor!
Vicky: Não estou nada! Ai ó páh, que saudades! (voltou-me a abraçar, e mais uma vez, e mais outra…)
Allan: Vamos indo para dentro. O Danny está a chegar.
Tinha saudades de sentir o cheiro da casa dos meus tios, que era bem diferentes da dos meus tios em Portugal. O meu olhar não parou até examinar todas as coisas novas que estavam em cima dos móveis, das coisas que tinham mudado até mesmo das pequenas partículas de pó que iam caindo e sobressaindo sobre a madeira escura do móvel da cozinha. Fomo-nos instalando na sala de jantar, mas fomos rapidamente incomodados pelo som da campainha velha.
Kathy: Deve ser o Danny e a Georgia.
Levantei-me para poder ser a primeira a abraçá-lo, de todos, ele era a pessoa de quem eu sentia mais falta.
Danny: Olá a todos, desculpem pela demora.
Tânia: Danny!
Danny: Tânia!
Corri até ele e, com um pequeno impulso saltei para o seu colo e, com a força das saudades, enrolei os meus braços ao seu pescoço descoberto.
Danny: Pequena! Estás boa? (tinha dificuldades em falar, já que eu continuava com os meus braços enrolados ao pescoço)
Tânia: Estou! Tinha tantas saudades tuas!
Danny: Também eu pequena!
Finalmente deixei os meus braços se desenrolarem e deslizei do seu colo, cumprimentei a Georgia com uma grande abraço e no fim de uma pequena conversa sobre o resto da família em Portugal, fomos comer.
***
Danny: Queres que te vá levar a casa?
Tânia: Pode ser, se calhar és tu que estás mais perto.
Tom: A minha irmã disse que depois passava por lá.
Tânia: Ah, ainda bem!
Acabámos todos por sair, entre beijos e abraços e, cada um seguiu o seu caminho.
No fim de uma longa viagem, com os olhos escondidos atrás dos óculos escuros, comecei a avistar as folhas secas da árvore que decorava o jardim da minha casa.
Tânia: Bom, parece que já estou entregue! Depois combinamos qualquer coisa.
Danny: Claro que sim e já sabes, se precisares de alguma coisa pede.
Georgia: Bom, Danny, já que tu agora vais ter com eles e eu não tenho nada para fazer, fico aqui com a Tânia.
Tânia: Sim, claro que ficas! Temos que pôr a conversa em dia!
Danny: Pois, estou a ver. (fez aquela cara de desconfiado e com um tom maroto continuou) Então saiam já do meu carro!
Tânia: Sim senhor!
Esperei que e a Georgia se despedisse dele e entrei na minha antiga casa, já não entrava lá à muito tempo, normalmente, quando ia pouco tempo a Londres ficava com o Danny, tornava-se muito mais divertido.
Conseguia sentir o cheiro do pó, a impressão de estar a entrar numa casa assombrada. Abri as janelas, tirei os plásticos do sofá que impediam de o pó pousar nos estofos deste e, finalmente sentei-me com a Georgia.
Tânia: Eu até te oferecia alguma coisa, mas não tenho nada.
Georgia: Não há problema.
Instalou-se um silêncio constrangedor entre nós, não cruzamos olhares, olhávamos em volta á procura de um tema de conversa.
Georgia: Como tudo muda…
Tânia: Para alguns…
Georgia: Mas tu vieste para aqui para melhorar, não podes pensar assim…
Tânia: Não estou só a falar de mim, há mais pessoas que sofreram com isto tudo!
Georgia: Mas não vale a pena falar nessas pessoas, prometemos nunca mais falar nela.
Tânia: E achas isso bem? Não falar nela? Assim nunca mais resolvemos isto!
Georgia: Mas resolver o quê?! Não há nada para resolver Tânia!
Tânia: Há sim e tu sabes disso!
Georgia: Não! Não vamos voltar ao passado, resolver uma coisa que não tem resolução!
Tânia: Tem sim! Descobrimos onde ela está!
Georgia: Não Tânia, não vamos voltar atrás.
Tânia: Não quer dizer que tenhamos de voltar a atrás, só temos de esclarecer tudo! Pensas que é fácil viver assim? Eu todos os dias penso naquela noite, tenho as imagens todas gravadas na minha cabeça!
Giovanna: Olá outra vez! Podemos entrar?!
Tânia: É claro! Carrie, olá! Que saudades miúda!
Carrie: Olá! Também tinha saudades tuas!
Abraçamo-nos e deixámo-nos estar assim durante uns longos segundos.
Georgia: Vocês conseguiram vir?!
Giovanna: Sim, os pais do Tom só vão embora perto da noite.
Carrie: Então, conta-me coisas!
Tânia: Oh, não há muito para contar. Tinhas saudades tuas! (voltei a abraçá-la)
Georgia: Não tens nada para contar?! Antes de elas chegarem tinhas muito para falar…
Giovanna: Que se passa Tânia?
Tânia: Nada que vocês possam resolver, pelos visto. (e dirigi o olhar para a Georgia)
Georgia: É claro que não podemos, não podemos desenterrar o passado, nem devia-mos estar a falar nisto, tínhamos prometido!
Giovanna: Porquê agora Tânia?
Tânia: Porque agora estamos todas juntas e será muito mais fácil acabar com isto, além disso, o que se passou não foi uma coisa qualquer, foi uma coisa séria!
Giovanna: Mas nós não podemos voltar atrás, se pudéssemos voltava-mos, mas não podemos.
Tânia: Mas podemos remediar, podemos mudar o que ainda se pode mudar!
Giovanna: Mas não podemos remediara nada.
Carrie: Eu também acho que podemos…
Georgia: Oh Carrie, tu também não!
Carrie: Eu também não o quê? Achas que é fácil ficar com aquelas imagens da minha cabeça? Enquanto vocês vieram correr para os braços dos namoradinhos que tive que aguentar sozinha e, bem pior foi a Tânia que teve que lá ficar passar á frente da casa como se não fosse nada!
Tânia: Exato. Pensão que é fácil?!
Giovanna: Mas não podemos fazer nada!
Georgia: Olhem, já nos estamos a precipitar, vamos mas é com calma. Já estamos todas de cabeça quente, foi um dia longo, vamos descansar e amanhã encontramo-nos para tomar o pequeno-almoço.
Giovanna: Sim é melhor. Tânia, descansa, que amanhã falamos melhor.
Não pude fazer mais nada se não concordar, despedi-me delas e fui até ao meu quarto. Este estava coberto de plásticos que escondiam as minhas fotografias empoeiradas, que ao fim ao cabo, acabavam por esconder as melhores recordações que eram retratadas com sorrisos nas imagens sujas. Mudar para Portugal nunca tinha estado nos meus planos, por isso, sabia que mais tarde ou mais cedo regressaria a Londres, mas nunca pensei que fosse por motivos tão fortes.
À medida que ia tirando os plásticos, sentia o pó a entrar pelo meu nariz e a causar-me vontade de tossir, passei a minha mão na cama ainda com a colcha de verão, sentia-me bem com as cores vivas da colcha, sentia que não tinha problemas e que podia fechar os olhos e, acordar sem ser acordada por um pesadelo, só queria que a minha mudança me fizesse bem, que não precisasse de fugir mais de mim própria.
Estava cansada, doía-me o corpo de todas as viagens que tinha feito num só dia, deitei-me na cama, fechei os olhos para tentar relaxar e, acabei por adormecer.
***
O meu coração batia a mil, a minha respiração estava bastante acelerada. Olhei para o relógio para ver as horas, eram 03:51h. Uma imagem desconhecida não me saia da cabeça, era uma criança linda, com uns longos cabelos dourados e com uns olhos azul brilhante.
Quando finalmente senti o coração a acalmar e a respirar sem precisar de ter a boca entreaberta, reparei que sobre a minha mesinha de cabeceira estava um fio. Com um leve movimento puxei-o para junto de mim, para conseguir reconhecê-lo. Estava escuro, mas o fio parecia velho e cheio de pó, mas assim que os meus olhos se habituaram ao escuro e olhei para o fio, um arrepio percorrei-me o corpo.
Tânia: Não é possível!
Nas minhas mãos tinha o fio que perdi na noite do acidente em Portugal, a noite que mudou as nossas vidas. Já não via aquele fio desde essa noite, ele desapareceu nessa noite, logo, alguém deveria tê-lo colocado lá. Olhei em volta para me certificar de que a janela estava fechada; para o exterior só via as folhas da árvore do jardim a baterem no vidro da janela com a força do vento e da chuva, era impossível alguém andar na rua com aquele tempo, deduzi que alguém o tivesse pôs-to anteriormente.
Os meus pensamentos foram interrompidos por uma mensagem no telemóvel, a luz forte do ecrã iluminou o teto do quarto. Era estranho receber uma mensagem aquelas horas da noite, ao princípio não liguei, mas comecei a ficar assustada e antes de pegar no telemóvel, mais um arrepio subiu-me pelo corpo.
Tânia *

2 comentários:

  1. OMG!! esta lindo!!
    quero mais e rapidamente!!!
    Esta vai ser uma historia fabulosa tenho a certeza!!
    beijinho grande!!

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