quinta-feira, 21 de junho de 2012

Capítulo 2


II
2 de março de 2011 (parte 1)
Receber aquela mensagem, aquelas horas da noite, estava-me a deixar nervosa. Tinha medo de pegar no telemóvel, de como quando era criança, quando algo se escondia de baixo da cama e depois me pegava nos braços ou nas pernas. Num gesto muito rápido, lancei o meu braço até ao telemóvel e voltei-me a esconder entre os lençóis.
Os meus olhos estavam sensíveis e a luz forte do pequeno telemóvel impediu-me de ver durante uns segundos, semicerrei os olhos e passei com o dedo no ecrã para abrir a mensagem.
DE: sem número
MENSAGEM: “Nunca me esquecerei de ti! –SSS”

Uma lágrima escapou-me do olho, agora cheio de medo e assustado com aquela noite em Portugal, já não conseguia segurar as lágrimas que corriam pela minha cara a abaixo. As minhas mãos estavam frágeis e acabei por deixar cair o telemóvel sobre as almofadas, que o fizeram saltar e cair no chão, o simples barulho da sua queda, foi suficiente para me deixar ainda mais assustada. Não tinha reação para nada, não conseguia pensar em nada, nem mesmo naquela noite de verão, nem do nojo que sentia de mim mesma, nem das lágrimas frias a correrem pela minha face, o medo engoliu-me e deixou-me paralisada, sentia vontade de fechar os olhos, mas o medo de me virem á cabeça as imagens que me atormentaram durante estes anos, impediu-me de que o fizesse; era como se alguma força invisível me impedisse de reagir.
O tempo foi passando, estava cada vez a ficar mais fraca, a força do cansaço deitou-me abaixo e, deixei-me cair sobre os lenções de flores que pareciam abraçar-me e reconfortar-me no fim daquele, que parecia, um pesadelo.
***
O sol entrou pela janela e fui obrigada a abrir os olhos que há muito tempo, já estavam acordados.
Ainda sentia algum receio de pousar os pés descalços no tapete, mas havia uma força dentro de mim que queria parar o medo, não me queria deixar ir outra vez abaixo. Passei o olhar pelo meu quarto, em cima da cama estava o fio e no chão o telemóvel separado em varias partes, juntei-o e fui tomar um duche para ir ter com as raparigas ao café.
O sol quente da manha convidava as pessoas a tomarem o pequeno-almoço na esplanada. Entre as muitas mesas cheias, encontrei-as sentadas a conversar, com grandes sorrisos na cara, como se não tivesse acontecido nada.
Tânia: Bom dia. Estiveram muito tempo á minha espera?
Georgia: Não.
Tânia: Estão muito sorridentes!
Giovanna: Nem por isso, só consegui agora arrancar um sorriso da cara da Georgia.
Tânia: Porquê? O que se passa Georgia?
Giovanna: Oh, não ligues, foi um pesadelo!
Georgia: Sim… foi um pesadelo…
Consegui reparar nos pequenos olhares que trocaram antes de me responderem, estavam a mentir, algo se tinha passado com a Georgia e não era um pesadelo.
Tânia: A sério? Agora vocês não me vão contar nada? Vão deixar de confiar em mim?
Giovanna: É claro que não.
Tânia: Então, o que se passa? (a Georgia voltou a olhar para Gio, como se quisesse pedir permissão para falar. Impedi-a de fazer isso e perguntei-lhe diretamente) Georgia! Fala comigo, conta-me o que aconteceu!
Fomos interrompidas pela chegada do empregado com o nosso pedido.
Giovanna: Obrigada. (agradeceu lançando um sorriso falso ao empregado e, esperou que ele se virasse para continuar) A Georgia anda a fazer filmes, tal como tu. A sério, eu não vos percebo, prometemos todas que não íamos voltar a falar neste assunto e agora andam para ai com estas coisas porquê?
Georgia: Não são filme Gio! E só me estou a começar a preocupar porque ninguém sabia do assunto da minha mensagem, e para além disso, não sei quem a enviou!
Tânia: Espera lá, que mensagem?
Giovanna: Olha pronto…
Georgia: Não sei de quem é, não tem número, mas no fim está assinado com as letras “SSS”.
Tânia: “SSS”… Eu recebi uma também!
Georgia: O que é a tua dizia?
Tânia: “Nunca me esquecerei de ti”
Giovanna: Pode ser só uma brincadeira, sim?!
Georgia: Gio, é coincidência a mais!
Giovanna: Só vou entrar nesses vossos filmes quando tiver provas em concreto. (olhou para o relógio e fez uma cara de surpreendida) Agora tenho de ir que vou trabalhar. Beijinhos.
Deu-nos um beijo leve nas faces e seguiu a pé até ao carro.
Georgia: O que é que achas disto?
Tânia: Não sei, mas aconteceu-me mais… ontem acordei com um pesadelo e não me saia da cabeça uma imagem de uma criança e quando dou por mim, vejo aquele fio que eu perdi naquela noite em Portugal, em cima da minha mesinha de cabeceira.
Georgia: Se calhar não o perdes-te mesmo…
Tânia: Perdi! Mas mesmo assim, como é que um fio que eu tinha em Portugal, foi parar ao meu quarto em Londres.
Georgia: Então, se tens a certeza que não foste tu, quem foi? Alguém entrou em tua casa?
Tânia: Não sei, mas quem é que iria entrar, as janelas estavam todas fechadas, não havia sinais de arrombamento. E para além disso, como é que tinham o fio?
Georgia: Não sei, mas é estranho! Alguém tem a chave de tua casa?
Tânia: Ninguém!
Georgia: Liga á tua mãe a perguntar!
Tânia: Sim, é melhor. (peguei no telemóvel e rapidamente disquei o numero dela) Sim?! Estou, mãe, então tudo bem?
Lurdes: “Sim e contigo? Correu tudo bem?”
Tânia: Sim, está tudo ótimo e correu tudo bem. Olha mãe, mais alguém tem a chave da nossa casa?
Lurdes: “Não, porquê, falta alguma coisa?”
Tânia: Não, mas parece que algumas coisas foram trocadas de sitio…
Lurdes: “Hum… pode ser a empregada, a Mary. Acho que não lhe pedi a chave, como ela costuma ir ai limpar nas férias…”
Tânia: Pois, deve ter sido ela. Então, está tudo bem com o pai e com o mano?
Lurdes: “Sim, está tudo. Então e tu, como está Londres?”
Tânia: Ainda bem. Está melhor aqui comigo!
Lurdes: “Ainda bem. Olha, tenho que ir. Beijinhos filha!”
Menti á minha mãe, por um lado a mudança já não estava a correr muito bem, ser ameaça por um desconhecido não estava nos meus planos, queria só esclarecer as coisas, mas se queria que tudo melhorasse, tinha de vestir um fato de coragem e mergulhar num mar de perguntas sem respostas e, era isso que ia fazer.
Georgia: Então?!
Tânia: Talvez seja a empregada que a tenha.
Georgia: Ok, então vamos falar com ela.
Tânia: Sim, mas antes temos de ir ás compras que eu não tenho nada em casa.
Georgia: É claro que sim. Vamos a isso que eu sou perita nisso!
Tânia: Não me digas…
Ficou a olhar para mim com aquele olhar confuso, como se não quisesse perceber.
***
Tânia: Vou aquecer uma lasanha para o nosso almoço.
Fui-me afastando da sala de jantar onde estava-mos instaladas, dirigi-me até á cozinha e coloquei as lasanhas de aspeto delicioso no forno. Mesmo afastada da sala de jantar, ouvia a Georgia a reclamar.
Georgia: Isso engorda!
Tânia: Vê lá! Qualquer dia não cabes nas calças!
Georgia: Se me continuares a alimentar assim, não.
Tânia: O Danny continua a gostar de ti, não te preocupes.
Georgia: Sim, sim.
Tânia: Então, vais-me contar o que dizia a tua mensagem?
Georgia: Nem por isso…
Tânia: Porquê?
Georgia: Porque é um assunto muito pessoal.
Tânia: A minha também e eu contei-te!
Fui-me aproximando da sala de jantar com as lasanhas na mão e com os ouvidos bem abertos. O vapor que se libertava das lasanhas denunciava um cheiro muito apetitoso que rapidamente se espalhou pela sala e nos deixou de boca aberta.
Georgia: Hum, cheira tão bem! Há muito tempo que não comia uma lasanha!
Tânia: Não mudes de assunto!
Georgia: Esquece Tânia, não te vou contar, não agora, quando eu me sentir preparada para falar nesse assunto.
Tânia: É grave?
Georgia: Não, mas é muito pessoal, ninguém sabe e não gosto de falar nisso. Tenho que ser EU a resolver este assunto.
Tânia: Mas eu podia ajudar a resolver o que precisasses.
Georgia: Não, acredita que não.
Tânia: Ok, não vou insistir, mas se precisares é só falares comigo. (olhei para ela e estava com uma cara em baixo, aquele sorriso que a lasanha tinha provocado, rapidamente desapareceu, seja o que fosse o assunto da mensagem não era bom; já nem estava a comer, só brincava com a comida) Então vamos acabar de comer para resolver isto o mais rapidamente possível.
Georgia: Sabes onde vive a tua empregada?
Tânia: Sim, não é muito longe.
Acabámos de comer, colocámos os pratos sobre a mesa junto ás pequenas estatuas que a minha mãe tinha colocado para enfeitar a sala de jantar.
Saímos de casa e pegámos a estrada.
Georgia: Demora muito?
Tânia: Não, é aqui!
Georgia: Aqui?! Está casa aqui?!
Tânia: Sim, porquê? Conheces aqui alguém?
Georgia: Quem, eu?! Não, claro que não! (olhou em volta com um olhar preocupado, assim que ela olhava para mim e me via de desconfiada, lançava um pequeno sorriso de embaraço, mas pior ficou quando nos dirigimos para a entrada da casa)
Tânia: Estás bem?
Georgia: Sim. (rapidamente cortou a resposta para não haver mais perguntas para a qual ela, certamente, não queria responder) Como se chama a empregada?
Tânia: Mary.
Começamos por bater de leve na porta, mas ninguém abriu, deixamos a nossa curiosidade e ansiedade bater na porta com mais força, mas continuamos sem obter resposta do lado de dentro.
Georgia: Se calhar é melhor irmos embora.
Tânia: Não, querias tanto vir, o que se passa?
Georgia: Nada, é só que se calhar não está ninguém em casa e se alguém nos vê a bater com tanta força ainda pensam que vamos roubar.
Tânia: É hora de almoço, deve estar em casa.
Georgia: Se calhar enganamo-nos na casa.
Tânia: Não, quando eu era pequena e os meus pais iam passar o fim-de-semana fora, deixavam-me aqui. (olhei em volta para confirmar que não estávamos a ser vigiadas, lancei a mão à maçaneta e com um pequeno gesto do pulso abri a porta) Olha, está aberta!
Georgia: Vamos entrar assim?
Tânia: Anda lá! (puxei-a pelo braço bruscamente para ela entrar depressa para que não fossemos vistas) Dona Mary, posso?! É a Tânia!
Fomos deixando a porta entreaberta para trás e fomos percorrendo a casa chamando-a.
Georgia: Acho que não está cá ninguém.
Tânia: Cala-te. Dona Mary?! Dona Mary?! Vai por esse lado.
Georgia: Dona Mary?!
Tânia: Dona Mary?!
Cada vez nos íamos afastando mais, o som das nossas vozes já não se cruzavam. Percorremos a casa em bico dos pés para não fazer barulho.
Tânia: Dona Mary?! Dona Mary?! Dona Mary?!...
Georgia: Avó?!
Tânia: Que foi Georgia?! (percorri a casa num só passo seguindo a vós dela, encontrai-a de bruços, no chão, sobre a dona Mary)
Georgia: Está morta!

Tânia *

6 comentários:

  1. LINDO!!!!
    Quero mais!!!
    para variar tinhas de matar alguem!! Logo no 2 capitulo!! ahahaha
    continua estou a adorar, quero saber quem vai morrer no 3º capitulo!!
    :P
    beijinho

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  2. ADOREI!
    ó marida, diz-me quem te anda a enviar essas mensagens que eu dou-lhe porrada :b
    beijinho (:

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  3. Muito bom, estou a adorar a tua história *.* Está perfeita, por favor continua :D
    Beijinhos

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  4. Oláa, será que me podes dizer o nome da música de fundo? pff? *-*
    Beijinhos

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    1. Olá!

      Então, a música de fundo chama-se "Critical" é dos Jonas Brothers, está na versão em piano. (:

      Beijinhos *

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  5. Estou adorar a tua história *-*`
    Pff publica um novo capitulo :o
    Beijinhos

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